Bom dia,
Os dias têm sido tão corridos por aqui que não tenho encontrado tempo para sentar, refletir e escrever. Depois de trinta e oito invernos neste planeta, já entendi que ciclos vêm e vão e que esse momento de ocupação e cansaço há de passar e abrir espaço para dias mais tranquilos, que depois também darão lugar a outra onda de correria. É assim que a vida caminha e escolho abraçar a realidade.
Não gosto de ficar sem dar notícias, então resolvi escrever um apanhado de atualizações e pensamentos para compartilhar contigo.
Duas amigas que conheci através do Ninho de Escritores estão vivendo momentos bonitos: uma ganhou um prêmio literário, enquanto a outra está lançando seu primeiro romance. Celebro o privilégio que é ter participado da vida criativa delas.
Falando no Ninho, nos próximos dias farei o quarto e último encontro da oficina de escrita que organizo aqui em Tóquio. Estou bem contente porque confirmei que as coisas que compartilho em português também funcionam em inglês.
Com isso em mente, penso em começar uma edição online global dos encontros do Ninho, em inglês. Por enquanto, é um plano para o primeiro semestre de 2025.
Dois queridos que se conheceram por meio de um grupo de conversa para homens gays que organizei e mantive durante a pandemia se encontraram por acaso e mandaram uma foto desse encontro. É tão bonito quando as pessoas se conectam como fruto de uma iniciativa da qual fiz parte!
Fui pela primeira vez a um gato café, onde há vários felinos espalhados por uma sala cheia de adultos e algumas crianças disputando a atenção dos animais. Achei super fofo, uma delicinha de brincar e fotografar.
Em dezembro farei o teste de proficiência em língua japonesa novamente. Tenho estudado todos os dias, na medida do possível, e minha esperança é passar no nível em que falhei em julho. Entretanto, “estudado todos os dias” é uma expressão na qual cabem muitas realidades: no meu caso, tenho seguido as páginas de um livro de preparação para o teste e feito alguns exercícios de memória para kanjis e vocabulário e gramática. Além disso, estou na escola diariamente sendo exposto à língua, mas por razões que algum dia ainda escreverei a respeito, não tem sido o tempo mais proveitoso para mim.
Avisei a escola que não continuarei meus estudos além de dezembro. Por causa disso, em conformidade com as regras de imigração japonesas, eles estão querendo que eu vá embora o quanto antes logo após o término deste trimestre.
Decidi voltar para o Brasil no início do ano que vem. Provavelmente sairei do Japão nas últimas semanas de janeiro.
Perceba que não falei que voltarei para o Brasil nas últimas semanas de janeiro. Ainda estou definindo meu itinerário e orçamento, mas pretendo viajar por alguns países antes de retornar para casa.
Eu vim ao Japão este ano para decidir se queria morar aqui pelo resto da vida, e embora o Japão tenha mil coisas que me importam e que me fazem bem, cheguei à conclusão de que a vida no Japão infelizmente não caberá dentro do nível de esforço que estou disposto a fazer e da quantidade de desconforto que estou disposto a suportar. Numa outra realidade, eu facilmente moraria aqui pra sempre. Na vida que tenho hoje, não vai acontecer agora.
Dentro de duas semanas o Ayrton, meu namorado, virá me visitar aqui no Japão e vamos passar três semanas juntos. Neste período estarei de férias do trabalho e faltarei à escola, então já antecipo um momento de felicidade e leveza. Se, em meio a isso, eu encontrar o tempo, escreverei para contar das nossas aventuras.
Enquanto isso, farei uma pausa no envio das minhas cartas digitais. Voltarei assim que conseguir respirar novamente, mas queria avisar caso alguém ficasse preocupada.
Com carinho,
Tales
Sempre bom saber de você, Tales! Tenho um carinho enorme por você e gratidão pelos momentos presenciais e digitais do maravilhoso Ninho!!! Concordo com a Isabel Alvarenga exatamente na parte do seu texto que ela cita...esta parte me pegou na medida em que percebo que não costumamos pensar no nível de esforço que estamos dispostos a fazer para muitas coisas em nossas vidas, assim como na quantidade de desconforto que estamos dispostos a suportar daí quando vemos já ultrapassamos em muito nossos limites...já aconteceu muito comigo...hoje, não mais...estou colocando limites e tem sido muito bom poder dizer não....ainda difícil...e bom...
Desejo tudo de bom para suas próximas aventuras e claro, quero saber das que virão. Adoro você!!! Bjos da Mê 🥰🥰🥰
..."cheguei à conclusão de que a vida no Japão infelizmente não caberá dentro do nível de esforço que estou disposto a fazer e da quantidade de desconforto que estou disposto a suportar".
Nessa frase, você me deu uma aula de como precisamos entender os nossos limites, e não tentar extrapola-los. Na torcida para que seus próximos meses sejam leves. :)