🦊 De olho no futuro com os pés no presente
Alguns recortes de uma vida em andamento (e entrando em férias)
Continuo praticando pole dance – fiz duas aulas nesta semana e meu corpo está dolorido em vários lugares, além dos novos hematomas que me acompanham. Um amigo disse que são "pole kisses", um nome que achei apropriado por causa de toda a sensualidade que envolve a prática.
A falta de força fÃsica, resistência e consciência corporal não são os únicos desafios que estou enfrentando. Quando percebo que um movimento será mais difÃcil, à s vezes me perco nos pensamentos e aÃ, além de lembrar qual braço vai aonde, preciso também desarmar esse nó mental que me paralisa. Sei que o caminho para superar todos esses desafios é a prática constante, o que, assim como com a escrita, significa que a maior parte do trabalho inicial é vencer a frustração de perceber a diferença entre o que sei que é possÃvel e aquilo que sou capaz de realizar atualmente.
Apesar de ser um treinamento fÃsico, há um componente mental e emocional muito intenso – para não dizer espiritual. Por enquanto o único recibo que tenho da prática são as dores no corpo. Por ora, seguirei praticando.
Quantos namorados eu quero ter? O que espero e busco em um namoro? Preciso dar nome para minhas relações ou elas podem simplesmente fluir e acontecer? Ando pensando nessas questões, especialmente enquanto navego meus relacionamentos com Ayrton, com quem moro e namoro aqui no Brasil, e Draco, com quem me relaciono a distância. Além dos dois, venho flertando com outras possibilidades afetivas tanto no Brasil quanto no Japão, o que torna essas perguntas cada vez mais relevantes.
Minha abordagem tem sido, ao longo da vida, a de ir explorando e vendo aonde os ventos me levam. Meus cuidados são de saber meus limites e o que quero evitar, mais do que querer guiar minhas relações na direção de formatos especÃficos. Por exemplo, tenho uma lista de fatores que observo para decidir o quanto quero (ou não) aprofundar um relacionamento:
A pessoa em questão é rude com outros humanos? Então não.
Estou empolgado com a ideia de encontrar a pessoa? Então sim.
Vou perder o interesse nela depois de gozar? Então não (salvo se o tesão estiver muito alto, aà fica mais difÃcil, mas acaba sobrando para o meu eu do futuro, com os hormônios mais regulados, lidar com as consequências).
A pessoa é apaixonada pela vida? Então sim.
A lista segue, mas acho que já deu pra entender, né?
Num mundo ideal, todas as relações teriam o potencial para serem românticas, sexuais, amorosas. Todo mundo amigo, todo mundo famÃlia, todo mundo se cuidando e curtindo experiências sem barreiras de hierarquia ou definições anteriores.
Por enquanto, ainda não estou nesse mundo, mas gostaria de mantê-lo ao alcance dos olhos enquanto sigo caminhando.
Ayrton e eu estamos indo a Porto Alegre passar uma semana de férias. Inclusive, estou escrevendo a primeira versão desse texto enquanto voamos, eu no celular e ele dormindo. Agora, enquanto edito esta carta digital, já estou sentado no meu quarto e ele está me mandando reels engraçados (como esse, não muito seguro para o trabalho).
Quando ele foi me visitar no Japão, não tirei férias do trabalho, o que acabou interferindo no tempo que passamos juntos. Na época, eu estava preocupado com dinheiro. Minhas férias não são remuneradas, portanto escolhi continuar com meu trabalho mesmo enquanto passeava com ele.
Desta vez, decidi fazer diferente e abrir espaço na vida para curtir nosso tempo juntos da melhor maneira que pudermos. Penso que me agarrar a um arrependimento sobre o que eu poderia ter feito diferente no passado não é muito útil, mas me orgulho de estar fazendo diferente.
Viver é isso, né? A gente vai, tenta, erra, depois tenta fazer melhor e segue vivendo.
Fiquei muito feliz com as respostas que recebi no último texto, quando testei esse formato de pequenas notas e reflexões. Continuarei explorando-o por enquanto.
Ayrton e eu fomos a um concerto do Distant Worlds, a turnê oficial das músicas da franquia de jogos Final Fantasy. Se entendi direito, eles estão rodando o mundo há 35 anos, mas esta semana foi a primeira vez em que estiveram no Brasil.
Eu não conheço muito dos jogos ou das músicas e ainda assim gostei um bocado. O moço que estava sentado ao meu lado mal se continha de excitação. Ele respondia à s perguntas do maestro e explicava as músicas para a mulher ao seu lado – sabia até o momento especÃfico de cada jogo em que aquelas músicas tocavam. Fiquei pensando em como é gostoso ser apaixonado por alguma coisa a ponto de se permitir gritar em meio a uma multidão, celebrando com soltura o contato com algo precioso.
Semana que vem vamos a um concerto com as músicas de Zelda, uma franquia de jogos com a qual me sinto muito mais conectado. Será que estarei assim tão animado?
Esse vÃdeo delicinha é a abertura do jogo Final Fantasy 8, que gostei quando vi meu irmão jogando anos atrás (sou o caçula, então a posse do videogame nunca esteve ao meu favor durante a infância), e foi a segunda música do concerto.
Continuo achando arrepiante.
Li A palavra que resta, de Stênio Gardel. É a história de um homem analfabeto que carrega consigo uma carta de um amor de juventude e muitos pesos e dores de entender-se homossexual. Comecei meio incomodado com a linguagem – é poética de um jeito que não me apetece tanto – mas quando vi estava fisgado virando as páginas querendo saber da vida de Raimundo Gaudêncio, o protagonista.
Concluà a leitura imaginando quantas vidas são atravessadas pelo medo e quão bonito é quando encontramos coragem e compaixão suficientes para iluminarmos as sombras que habitam em nós.
Que história forte, estou feliz de ter lido!
Obrigado pela leitura!
Com carinho,
Tales 🦊
aproveia Porto! eu tô com muita saudade. sempre bom te ler (acho que é das poucas pessoas NM escrevendo sobre isso em newsletter.... é um alento) beijos
Aproveite as férias! Aprecio demais suas cartinhas de sábado. Obrigada!