Enquanto o aguardava voltar do banheiro, contemplei o que estava acontecendo dentro de mim. Minhas previsões estavam corretas: achei-o lindo e, ainda por cima, uma pessoa fabulosa. Conversamos por horas sem perceber o passar do tempo. Eu estava interessado em interagir para além das palavras, com toques, afagos, carinhos. Ele, não.
Noutro tempo, sofreria com a frustração de constatar que a vida não é como eu gostaria, e ainda diria poxa, outra vez, elencando a lista de momentos em que existir estava aquém do idealizado.
Desta vez, não estava disposto a sofrer pelo que não foi. Pelo contrário, queria aproveitar o que era, desapegado de expectativas. A vida que tenho não é prêmio de consolação por não ganhar a vida que poderia ter se tudo seguisse meus desejos e sonhos. A vida que tenho é a única coisa que existe de verdade.
Tive um dia fabuloso porque, entre outras coisas, acolhi a realidade como ela se apresentou. Não posso mudar o que outras pessoas querem, buscam ou fazem.
O que posso fazer é desapegar das minhas próprias expectativas e desejos, e seguir vivendo, com autocompaixão, lucidez e leveza.
Esse desapego, pra mim, é um exercício para conquistar a paz interior e desfrutar o instante. Lindo texto.
Desapegar das expectativas e acolher a realidade como ela é me ajudou e ajuda a entender a complexidade que sou, apesar de algumas vezes agitar as águas por aqui. Obrigada pela partilha, Tales! 🥰🦊