Eu converso com muita gente online, principalmente por texto. Eu também conheço muita gente primeiramente por texto, cortesia dos múltiplos chats, sites e aplicativos desenhados para facilitar encontros entre pessoas, muitos dos quais são voltados para relacionamentos afetivossexuais (ou, na maioria das vezes, apenas sexuais), como Tinder, Grindr, Hornet etc.
A despeito disso, me espanto com a dificuldade de manter conversas que gerem conexões duradouras.
Pensando nisso, decidi compartilhar algumas atitudes que ponho em prática intencionalmente ao me relacionar com outras pessoas. São pequenas dicas que servem também para conversas presenciais.
Fazer perguntas
Essa é a base: para conhecer outro ser humano, precisamos de curiosidade. Por mais que achemos que sabemos algo sobre outro alguém, o que nos conecta com a experiência alheia é a pergunta. Do contrário, é tudo suposição e arrogância.
Não sabe o que perguntar? Basta prestar atenção. O mundo é complexo e maravilhoso, sempre há algo que não sabemos e que podemos perguntar.
Oferecer portas de entrada
Uma das coisas mais interessantes que posso fazer quando alguém me faz uma pergunta é responder com detalhes significativos adicionais, pois eles podem ajudar a pessoa a fazer novas perguntas. Se alguém diz: “como vai?”, posso responder “vou bem” e a conversa termina aí, ou posso devolver algo como “vou bem, embora um pouco cansado do trabalho essa semana e querendo comer algo gostoso”. Pronto, já ofereci ali pelo menos dois novos fios que a outra pessoa pode puxar para desenvolver a conversa.
Naturalmente, isso envolve uma disposição de abrir-se para o encontro com o outro. Não é fácil desenvolver uma troca significativa quando não permitimos que as outras pessoas se aproximem.
Tomar iniciativa
Todo mundo gosta de reciprocidade, é verdade, mas às vezes a espera pela iniciativa da outra pessoa é a razão de uma conexão não acontecer. Há mil razões para alguém não iniciar um contato, mas quaisquer que possam ser, a pergunta que fica é: se eu quero ter contato com alguém, por que não dar o primeiro passo?
“Ah, mas sempre eu que vou atrás!”… Se continuar fazendo sentido pra ti, que seja. Se isso é algo que te incomoda, eventualmente vai deixar de fazer sentido e aí tudo bem. O que sugiro evitar é o joguinho do “eu chamei antes, agora é a vez dela”, porque esse tipo de jogo não combina com bons relacionamentos.
Propor experiências compartilhadas
O que nos conecta com outras pessoas são as experiências que compartilhamos. Falar por mensagens na internet é lindo e valioso, mantenho relações muito preciosas que são inteira ou majoritariamente virtuais. Por conta disso, às vezes me esqueço que é possível conviver de outras maneiras, fazendo coisas junto com outros humanos.
Com isso em mente, se quero alguém na minha vida, quero encontrar jeitos de fazer convites. Pode ser jantar, pode ser jogar xadrez, pode ser assistir algo (inclusive online) – o importante é viver algo compartilhado.
Dessas quatro ideias, esta ainda é para mim a mais difícil. Basta um vento bater mais forte e eu me escondo em mim mesmo. Com tempo e esforço, porém, pretendo colocar também esta dica cada vez mais em prática.
E pra que tudo isso?
Bons relacionamentos são parte sorte, parte esforço. Conforme o tempo passa, a necessidade do esforço cresce porque as condições se tornam menos favoráveis para o acaso. Escola, faculdade, trabalho, esses são ambientes que misturam pessoas em situações compartilhadas, reduzindo a necessidade de esforço porque as pessoas já estão lá umas com as outras e as experiências e conexões vão acontecendo.
Como um homem adulto com planos de mudar de cidade (e país) novamente, creio que será necessário colocar bastante esforço para costurar novas amizades e relacionamentos que me nutram a vida social. Em grande parte, é por isso que tenho pensado sobre essas práticas que podem cuidar das minhas relações, novas e antigas.
Se eu seguir meu hábito mais comum, fico escondido em casa reclamando que as pessoas não me procuram. Como não quero mais isso para mim, o jeito é tentar caminhos diferentes.
😊
Com carinho,
Tales
Como sempre tocando nossos sentimentos profundos. Suas dicas são valiosas. O processo que você vive para se colocar fora da própria concha é o mesmo que o meu. Vamos lá!