Acordo e é sábado, dez e trinta da manhã. O despertador não tocou às 7h como faz em todos os outros dias. É sábado, eu desliguei o alarme, descansei da necessidade de estar em pé e pronto a tempo da escola e do trabalho. Antes de dormir, até me permiti uma horinha de videogame. Estava cansado, mas sabia que teria tempo.
Que luxo é ter tempo!
Aos finais de semana costumo lavar roupas. O prédio tem uma lavanderia, mas não gosto porque as máquinas são pequenas e a secadora leva muito tempo para terminar o serviço. Desde janeiro, portanto, vou a uma coin laundry que fica perto daqui, do outro lado da linha do trem. Estão construindo uma ponte, mas eu já estarei de volta ao Brasil quando concluÃrem a obra.
Faço um caminho maior até outra ponte. Quando será que ela foi erguida? Tanta coisa já está disponÃvel quando chego a um lugar que é fácil esquecer que no passado era diferente e que no futuro também será. Tudo parece estático, consistente e permanente, mas é só ilusão.
Normalmente estudo japonês enquanto aguardo minhas ficarem prontas. Fora de casa, as distrações são menores, e ao contrário do que acontece em cafés e parques, normalmente fico sozinho na lavanderia. Há exceções, é claro, mas no geral é assim.
Uma das exceções foi semana passada. Era domingo cedo e uma moça entrou para limpar o estabelecimento. Decidi esperar do lado de fora e procurei um canto onde pudesse me escorar pelos próximos minutos. Além de lavar minhas roupas, nunca encontrei outra razão para estar naquela rua, então não havia observado os apartamentos acima da lavanderia.
Tem vida ali.
Como em qualquer outro lugar, se olhar sem pressa, tem vida acontecendo.
Que delÃcia é estar vivo.
Com carinho,
Tales
adoro esse tipo de texto, mais curtinho, com uma reflexão que parece simples mas é profunda