Estou no aeroporto de Singapura e tenho uma hora até o início do embarque. “Vou abrir o Grindr”, penso comigo. O Grindr e outros aplicativos voltados para encontros e sexo rápido muitas vezes funcionam para mim como a porta da geladeira que abrimos para pensar sobre o que queremos comer hoje.
Só que o que eu tenho é tempo, não fome.
Às vezes, porém, o que tenho é vontade de conexão, algo que tento resolver com Grindr e afins. Às vezes rolam boas conversas e encontros, às vezes é só sexo, e na maioria das ocasiões, a conversa fica no virtual.
“O que procura?”, talvez a pergunta mais comum no aplicativo, aponta para algo mais profundo do que apenas se queremos penetrar ou sermos penetrados. Procuro conexão, gente pra conversar, encontrar e manter na vida… mas há tempo pra isso? Passei uma semana nas Filipinas, uma semana em Hong Kong, dois dias na Coreia do Sul. Há tempo para plantar conexões significativas? Haverá tempo para cultivar e nutrir essas relações quando eu chegar ao Brasil?
Faz sentido continuar conhecendo gente nova enquanto tenho a sensação de que mal cuido das relações que já existem?
Como de costume, não tenho respostas. O que tenho agora são apenas alguns minutos até embarcar para Bali, na Indonesia, onde passarei dois dias com um amigo que conheci em Tóquio por um desses aplicativos, e o desejo de continuar investigando quais são os relacionamentos possíveis entre adultos.
Com carinho,
Tales
eu acabei de voltar da casa de uma amiga que a gente estava falando justamente sobre isso, quando vi a notificação aqui dei risada dessa coincidência.
que ficamos um tempo justamente nessa discussão se não somos muito pretensiosas ao dizer que algumas pessoas estão muito no raso procurando esses encontros tão rápidos que mal dá tempo de trocar 10min de conversas e como está difícil justamente conhecer e manter na nossa vida pessoas que sentamos pra conversar e esquecemos da hora, o quanto até num sexo casual isso dá uma diferença