Nesta semana, estou de férias da escola e decidi conhecer o norte do Japão. Escolhi ir até Aomori e retornar para Tóquio passando por um par de cidades (Morioka e Sendai) porque comprei um passe ilimitado de trens pela região, incluindo trens bala. Esse é um benefício normalmente oferecido apenas a turistas, e sem ele minha viagem custaria mais que o dobro só em passagens.
Quero contar algumas aventuras do meu primeiro dia.
Aomori é uma cidade litorânea delicinha. Logo que saí da estação de trem principal da cidade, já dei de cara com o mar. A saudade que eu estava desse som ondulado e do cheiro adocicado de oceano escorrendo sobre a terra…
Aomori é famosa pela produção de maçãs. Tudo que é lugar tem doces com maçãs, inclusive as lojas de conveniência. Comi um doce logo que cheguei e agora minha vontade é viver comendo doces com maçã. É uma pena, ou talvez uma sorte, que eu não tenha tempo nem dinheiro para provar todas as variedades.
Passei por um museu dedicado ao Festival Nebuta de Aomori, que envolve uma passeata carregando gigantescas imagens com estruturas de arame. De acordo com o Japan Travel:
Os Nebuta são construídos por equipes locais que levam um ano inteiro para projetar e construir os carros alegóricos. Eles chegam a 9 metros de largura por 5 metros de altura. As alegorias geralmente são de figuras míticas, deuses e espíritos, personalidades locais, atores kabuki ou até personagens de TV, especialmente dos "taiga", uma espécie de drama de época de longa duração na tv japonesa.
A semelhança com o carnaval brasileiro é muito grande, especialmente no contexto das escolas de samba. Como festa popular, é provável que seja muito mais reservado do que a experiência brasileira, mas ainda assim terminei o passeio pelo museu curioso para saber mais sobre esse tipo de festa popular ao redor do mundo.
Não dá uma paz olhar pra esse tanto de água?
Comi um lamen niboshi. Ao contrário dos lamens tradicionais, cuja base normalmente é porco, este tem base em sardinhas. É uma mudança bem interessante de sabor em relação ao que estou acostumado.
Depois que paguei a conta, o atendente do restaurante me deu uma máscara (dessas que usamos pra proteger contra doenças) como “presente”. Fiquei sem saber se foi algo especificamente para mim ou se ele tem feito isso para todas as pessoas.
Decidi checar um buda gigante e o Google Maps me encaminhou para uma estradinha no meio do mato. Caminhei o tempo todo com o coração na mão, lembrando de um colega que uma vez foi atacado por um javali enquanto fazia trilha numa floresta. Cheguei à conclusão de que eu gosto de cidades porque as chances de animais selvagens pularem do mato para me atacar são menores.
Na metade do caminho, eu já suando frio de medo, vejo uma senhorinha mancando na minha direção. Ela perguntou alguma coisa que incluía prédios no final do caminho, e eu disse que sim, concordando com a ideia de que havia prédios no final do caminho. Acho que ela ficou satisfeita com minha resposta, porque seguiu adiante. Espero que ela esteja bem.
Cheguei no buda gigante pelo lado errado. Uma placa dizia que por ali não podia entrar e eu fiz o quê? Entrei por ali. Depois de superar meus medos na estrada dos javalis imaginários, não seria uma placa de “proibido passar” que me impediria.
Depois que descobri a entrada verdadeira, fui ali e paguei meu ingresso.
Gostei muito do buda gigante. Como tudo no Japão, é a mesma coisa que todos os outros lugares onde vi budas gigantes (Nara e Kamakura são os dois que me vêm à memória), mas mesmo assim eu gosto. Devo mesmo ser meio budista.
Quando saí de uma lojinha, meu guarda-chuva havia sido roubado. Pensei comigo se valia a pena ir embora sem ele ou se eu deveria roubar um guarda-chuva aleatório, mas decidi que não. Voltei pelo caminho na direção do buda gigante e achei a mulher que estava com meu guarda-chuva. Expliquei que era meu, apontei para os adesivos que colei no cabo para identificá-lo e ofereci um dos guarda-chuvas disponibilizados no local para que ela continuasse seca.
No fim do dia, provei um prato novo: maguro sanshokudon. Estava bem bom.
Que diazinho gostoso.
Com carinho,
Tales
Gratidão amigo por compartilhar esses momentos, nos enche de energias positivas aqui.
Uma prova que estamos chegando perto da multidimensionalidade em energias.
Abraços fraternos energizados