🦊 Três reflexões breves
Meditação, Instagram e comunidades – mas não comunidades de meditação no Instagram 🙃
Três reflexões me cruzaram os pensamentos nesta semana e gostaria de compartilhá-las contigo. Duas delas vieram de textos que li, enquanto a terceira é parte de uma ruminação que tenho feito sobre meu futuro profissional.
Antes de começar, uma imagem de raposas em estilo impressionista criada por inteligência artificial.
Antes de começar, parte dois, sempre que uso imagens geradas por IA, me pego pensando sobre o quanto isso destaca minha falta de repertório e cuidado com artistas humanos, cujas criações eu poderia estar compartilhando em vez de gerar imagens aleatórias com uma ferramenta que copia e mistura a criatividade alheia. Faço isso quando tenho pressa, e tenho pressa quando não tenho tempo, e não tenho tempo porque o trabalho me consome. E isso tem a ver com a terceira reflexão de hoje.
Meditação
Ontem eu meditei. Desliguei a televisão, desliguei o computador, deixei o celular longe de mim, sentei no sofá e respirei fundo. Fechei os olhos porque na frente do sofá tenho uma estante com livros e estava grande a tentação de me distrair relendo os títulos. Concentrei na respiração, concentrei em sensações do corpo, observei pensamentos aqui e acolá; alguns deles me surpreenderam, outros são visitantes costumeiros. Agradeci minha afantasia, porque imagino que sentar em silêncio e observando os pensamentos deve ser muito mais difícil quando se tem um cinema dentro da cabeça.
Depois de um tempo, parei. Um tempo, quero dizer dois minutos. Para ontem, foi o suficiente, especialmente porque eu estava mirando em um minuto. Li um texto do
sobre meditar e ele conta sobre começar com um minutinho. Quando li, pensei eita, é mesmo, um minuto também conta, e então decidi experimentar.Gosto de meditar, mas nunca sustentei a prática. O mais parecido foi escrever e publicar todos os dias por um período, talvez três meses ao todo? Não é a mesma coisa, mas é meio que a mesma coisa porém diferente.
Hoje pretendo meditar novamente, mesmo que só por um minutinho.
Fotos no Instagram
“Posta bastante no Instagram porque quero saber sobre a tua vida no Japão”, todo mundo me disse. O Japão é uma ideia que exerce fascínio no resto do planeta e, por ser um país distante e caro em relação ao Brasil, conhecer alguém que se aproxima dessa ideia alimenta a curiosidade.
Tudo o que publico, não apenas imagens, mas também textos, tem dois propósitos: servir de lembrança para mim mesmo no futuro e conectar com outras pessoas. São coisas que não quero esquecer e que quero conversar a respeito. Essa lógica informa minhas escolhas de escrita no Substack tanto quanto minhas postagens no Instagram.
Fiquei pensando nisso depois de ler o texto do
sobre fotos que não vão para o Instagram.Se bem que, a bem da verdade, na maior parte das vezes eu simplesmente esqueço de tirar foto das coisas – razão pela qual eu escrevo muito mais do que fotografo, e se tivesse tempo disponível, voltaria a escrever e publicar todos os dias.
Comunidade
Há dez anos criei o Ninho de Escritores. No início, eu apresentava o Ninho como um “projeto de aprimoramento da escrita por meio do acolhimento”. Com o tempo, deixei essa explicação de lado porque entendi que, embora o aprimoramento da escrita seja tanto um objetivo quanto uma consequência dos encontros, o que me interessa e me faz sustentar projetos como o Ninho é outra coisa.
Tenho encontrado três elementos permeando minhas atividades e projetos que envolvem formar grupos e anfitriar comunidades:
Conexão - compartilhar experiências é uma das melhores formas de se conectar com outros humanos, e quando um encontro é desenhado com intenção de fomentar a conexão, amizades podem florescer.
Diversão - rir e brincar estão entre as experiências mais fabulosas que humanos podem compartilhar uns com os outros, seja por meio de jogos de tabuleiro, piadas ou simplesmente por meio de companhia para tornar a vida mais leve.
Criação - a emergência de algo novo como resultado da reunião de um grupo de humanos é algo maravilhoso, seja uma história compartilhada em uma sessão de RPG, novos conhecimentos sobre um tema específico ou obras de arte.
No futuro, quero dedicar mais tempo a criar e sustentar comunidades que fomentem conexão, diversão e criação. Ainda não sei qual formato esse querer tomará, mas quis compartilhar essa percepção e também o desafio atual: encaixar essa aspiração na vida como ela tem sido.
Outra vez, o inimigo é a escassez de tempo, energia e acesso produzida pelo sistema capitalista sob o qual vivemos, e já que uma revolução não está em vista por agora, o jeito será encontrar brechas.
Vou procurá-las – ou criá-las – e continuar compartilhando por aqui.
Com carinho,
Tales
Nossa Tales, juro que pensei nas limitações impostas a nós pelo capitalismo enquanto lia seu texto e no final você pontua isso. Que sintonia. Consigo entender, como é não poder dedicar-se o tanto quanto gostaria aos projetos pessoais. Eu mesmo, gostaria de ficar em casa só lendo, participando de comunidades e aproveitando a vida. Como você mesmo disse, é preciso encarar a realidade que encontrar brechas. Para mim, estou eliminando iniciativas de trabalho e focando em iniciativas do prazer. Creio que funcionará. Veremos.
o ninho ❤️🥹
(esse ano eu fiquei três meses sem meditar e perdi o controle da minha vida rs)
eu adoro acompanhar teu Japão pelas palavras, continua escrevendo pls