Este é o relato do meu segundo dia de passeio pelo norte do Japão. Você pode encontrar o primeiro dia aqui.
Hoje viajei para Hirosaki, uma cidade de 170 mil habitantes localizada na prefeitura de Aomori. A internet me contou que lá eu encontraria um castelo e um jardim.
Assim que cheguei a Hirosaki, após viajar 45 minutos de trem, decidi caminhar até o castelo, minha principal razão de ter ido até lá. Foi um trajeto tranquilo em uma cidade espaçosa. Aomori e Hirosaki têm isso em comum, ao contrário de Tóquio, que sempre parece estar espremendo mais um prédio ou templo para caber na paisagem.
Acho que tenho algum problema com obedecer placas, pois vi uma indicando a entrada do castelo e resolvi ir para o outro lado ver no que dava. Deu no jardim, lugar bonito daqueles que nos enchem de vontade de passar o dia inteiro tomando um chá.
Depois do jardim, finalmente fui ao castelo. Estava com fome, então primeiro parei em um restaurante local para comer um curry de vegetais. Na televisão, um programa mostrava diferentes atrações turísticas da cidade de acordo com as quatro estações. Aqui deve ser lindo também no inverno. Mais tarde, um motorista de táxi me disse que fica lindo na primavera, com o desabrochar das flores de cerejeira. Sou suspeito pra falar, mas acho que tudo fica bonito nesse país. Deve ser a luz...
Na volta para a estação de trem, estava chovendo, então peguei o tal do táxi. Foi minha primeira vez pegando um táxi sozinho no Japão e acho que fiz tudo direitinho: conversei amenidades em japonês e deixei a porta abrir e fechar sozinha. Meu plano era chegar mais cedo à estação e voltar para Aomori mais rápido. Não deu certo: o próximo trem só chegaria em 45 minutos. E se perdesse esse, o próximo só depois de uma hora. Viver no interior certamente há de ter seus charmes, mas não sei se eu gostaria de dispensar a conveniência dos grandes centros urbanos. Mentira, eu sei, estou só fazendo charme.
Pelo menos o trem para Aomori foi um daqueles bacanas, com assentos confortáveis. Queria dormir, mas o sono não veio. Tudo bem, o próximo passo da viagem era um onsen (piscina de águas termais). Chequei os horários do trem e... Tinha mais meia hora para esperar. Como estava no centro da cidade, aproveitei para tomar um sorvete de maçã bem gostosinho. Eles tinham três tipos, variando os níveis de doçura e azedume. Escolhi o mais docinho. 🍎
Quando cheguei à estação do onsen, vi funcionários de hotéis e de agências de turismo com plaquinhas para receber as pessoas, vi gente indo para todos os lados, mas não vi nenhuma sinalização de onsen. Ou melhor, não reconheci nenhuma placa de onsen – com certeza estava lá, mas ver e reconhecer são duas coisas diferentes. Uma breve pesquisa na internet e cheguei até um prédio próximo que prometia onsen no quinto andar. Achei inusitado, já que a diferença entre onsen e sento (banho público) é justamente a origem da água, mas fui mesmo assim. Era banho público, mas foi reconfortante mesmo assim.
Na hora de voltar para o hotel, mais meia hora de espera até o trem chegar. Decidi parar num restaurante com boas notas no Google Maps e, para fechar bem o dia, um dos comentários já anunciava que a carne era ótima, mas levava uma meia hora pra ficar pronta. Pura verdade, inclusive havia uma placa dizendo isso.
Pelo jeito, parte da vida no interior é esperar. Ou respeitar o tempo das coisas, em vez de forçar as coisas a seguirem o tempo das vontades. E por hoje, está tudo bem.
Amanhã minhas aventuras continuam.
Com carinho,
Tales
"Pelo jeito, parte da vida no interior é esperar. Ou respeitar o tempo das coisas, em vez de forçar as coisas a seguirem o tempo das vontades. E por hoje, está tudo bem". Mais perfeito, impossível. Levarei para a vida como regra.