Fui convidado pelo colégio Rainha da Paz para realizar uma oficina com estudantes do ensino médio sobre comunicação não-violenta. O convite veio na sequência de um relacionamento que já dura alguns anos com a escola, na qual já ofereci cursos eletivos sobre escrita, gênero e sexualidade, relacionamentos, histórias de vida, jogos e diálogo.
Nesta carta digital, compartilho como foi a experiência, o que apresentei sobre CNV e também algumas das minhas reflexões e aprendizados nesta aventura. Vem comigo!
O pedido que me foi feito era o de levar a mesma oficina, com duração de 50 minutos, para nove turmas do ensino médio, três de primeiro ano, três de segundo e mais três de terceiro. Desde o início da pandemia, essa foi a minha primeira oportunidade de lecionar ou palestrar presencialmente, o que me deixou ansioso desde antes de chegar na escola, em especial sobre decidir se usaria máscara ou não.
Conversei com o coordenador pedagógico por vídeo e observei que ele estava sem máscara. Como fui de uber, preferi manter o uso da máscara, e ao entrar no colégio observei que o porteiro e o segurança estavam com boca e nariz cobertos. Caminhando pelos corredores do colégio, descobri que parte dos alunos estavam utilizando máscara enquanto outra parte circulava de rosto livre.
Não vou me alongar na questão da máscara, pois já escrevi sobre ela anteriormente aqui no Olhar de Raposa. Nos dois dias em que estive na escola, mantive-me de máscara porque me pareceu mais prudente.
Inclusive, no segundo dia, enquanto voltava para casa de uber, o motorista sugeriu que eu poderia tirar a máscara se quisesse. Como estava com sintomas de gripe, respondi que preferia mantê-la para evitar que ele pegasse o meu resfriado e lembrei como essa já era uma prática de pessoas japonesas desde antes da pandemia.
Comecei a oficina falando sobre a ideia de comunicação não-violenta ter raízes no termo ahimsa, que significa “não causar dano” ou “não ferir”. Considero sempre muito importante deixar claro que CNV não se trata de falar mansinho, baixar a cabeça e fugir de conflito. Inclusive, digo com frequência que as pessoas mais treteiras que eu conheço são praticantes de CNV. Quando falamos em não causar dano, estamos falando não apenas sobre o outro, mas também sobre nós mesmos. Na prática da CNV, não faz sentido abrir mão do que se precisa a fim de acolher o outro.
Por esses e outros motivos, a comunicação não-violenta às vezes aparece com outros nomes, como comunicação efetiva, autêntica ou corajosa.
Em seguida, trouxe minha definição pessoal de comunicação não-violenta: “a CNV é uma escolha, uma investigação sobre como criar relações com maior qualidade de conexão e tornar a vida mais maravilhosa para todos”. Trouxe essa conceituação para destacar a ideia de escolha, pois nada dentro da CNV faz sentido se for obrigatório. Pelo contrário, a não-violência existe na autonomia e, portanto, na contramão do controle sobre os outros.
Esse foi um ponto de reflexão para mim durante essas oficinas. Normalmente, as pessoas escolhem participar dos meus cursos voluntariamente. Na escola, porém, fui apresentado às salas e os estudantes não tinham a escolha de não participarem. Houve momentos em que me senti hipócrita falando sobre autonomia e intenção e, ao mesmo tempo, não oferecendo essa possibilidade para os adolescentes que me escutavam. O que encontrei como meio-termo foi não tentar forçar a participação de ninguém. Entre as nove turmas, diversas pessoas ativamente ignoraram minha fala, fosse dormindo, fosse mexendo nos celulares, e achei por bem não intervir.
Eu entendo que parte do objetivo da escola é colocar os estudantes em contato com possibilidades múltiplas de leitura de mundo, possibilidades essas que talvez eles não descobririam por conta própria por nem saberem que era algo que poderia ser buscado. Para mim, ampliar horizontes é o principal trabalho das instituições de ensino, mas desde minhas primeiras experiências como professor ainda me questiono qual é o limite disso, se é que precisa haver um limite.
Segui a palestra contando que “A CNV busca uma comunicação mais presente, honesta, responsável, empática e intencional”, com destaque para a ideia de intencional, especificamente a intenção de produzir uma conexão de maior qualidade com as pessoas e com nós mesmos.
Para exemplificar, contei sobre uma experiência que tive com um ex-namorado. Nós brigávamos constantemente. Uma vez, ele me chamou para ir a um parque passar uma tarde de domingo e eu fui já antecipando os incômodos que surgiriam, porém decidi fazer algo diferente. Decidi que minha intenção ao estar com ele naquela tarde seria de viver boas experiências. Assim o fiz. A cada situação em que eu normalmente responderia com uma piadinha, pensei por dois segundos a mais, respirei fundo e respondi diferente – não de um jeito falso, apenas cuidadoso. Assim segui a tarde inteira, reagindo com menos pressa inclusive a situações que, noutras tardes, teriam me tirado do equilíbrio.
Ao final da tarde, esse meu ex-namorado disse que eu estava tão diferente, que havia sido um dia tão bom comigo. Fiquei irritado e aliviado ao mesmo tempo. Irritado porque queria estar em um relacionamento no qual eu não precisasse trabalhar tanto para ter “um dia tão bom” e aliviado porque então essa tal de comunicação não-violenta tinha algo de útil para a minha vida, afinal de contas.
Segui a oficina trazendo duas perguntas que podemos nos fazer frente a qualquer conversa ou relação:
Que relação quero ou preciso ter com essa pessoa?
Qual minha intenção nesta conversa?
Sobre intenção, já comentei com o exemplo. do ex-namorado no parque. A primeira pergunta, porém, traz duas questões importantes. Primeiro, é preciso querer uma relação para que possamos agir intencionalmente a respeito dela. Querer uma amizade, querer um distanciamento, querer se relacionar. Segundo, algumas relações estão além da nossa escolha. Nascemos num dado arranjo familiar, estudamos e trabalhamos em instituições que virão junto com colegas, professores, chefes e subordinados que, na maioria das vezes, não escolhemos. Ou seja, também precisamos nos relacionar.
Da mesma forma, relações diferentes podem envolver posições de poder distintas, e a maneira como trato alguém “igual a mim” há de ser estrategicamente diferente da forma como trato alguém que tem poder sobre minha vida. Às vezes, ser franco com alguém que pode nos punir com facilidade talvez não seja a melhor ideia, então cabe testar o terreno com cuidado ao navegar essas relações.
Fizemos um exercício durante o qual duplas deveriam se olhar durante um minuto inteiro. O intento era observar o que acontecia dentro de nós durante a prática, que pensamentos surgiam e que sensações tomavam conta de nós.
Não foi surpresa que estudantes do primeiro ano, especialmente meninos, tiveram dificuldade em sustentar um minuto olhando uns para os outros. Em alguma das salas, ouvi alguém gritar sussurrando (aquela modalidade clássica de estudantes que querem ser ouvidos porém não identificados) “gay”. Em mais de uma sala, vi meninos simulando uma aproximação de beijo.
Embora o cerne da prática fosse olhar para dentro enquanto olhávamos para o outro, achei interessante perceber como a ideia de intimidade está tão emaranhada com a noção de sexualidade. Parece difícil entender e aceitar que duas pessoas possam se olhar profundamente sem qualquer tensão ou intenção sexual, especialmente se essas duas pessoas se apresentam como homens heterossexuais.
Na sequência da atividade, perguntei como foi. Muitos falaram que tiveram vontade de rir, que não sabiam direito como focar o olhar, que era estranho, que não estavam acostumados. Uma estudante mencionou que para ela era fácil, mas que os outros desviavam o olhar dela. “Por quê?”, perguntei. “Porque se sentem intimidados por mim”, ela respondeu. Gostaria de conversar mais com ela, mas não houve tempo para isso. Queria descobrir que outras certezas formam a visão de mundo dela…
Apresentei três níveis de escuta: trágica, atenta e empática.
A escuta trágica, da maneira como compreendo, é aquela que não contribui para melhorar a qualidade de conexão em uma conversa ou situação. É o que acontece quando a resposta à nossa partilha é comparar com a própria experiência (“aconteceu algo parecido comigo…”), ensinar como lidar com a situação (“nesses casos, o que tu tem que fazer é…”) ou dizer que vai ficar tudo bem.
Exemplifiquei com uma experiência recente. Apesar de estudar japonês há pelo menos quatro anos, fiz um exame de proficiência em língua japonesa (para o segundo de cinco níveis de dificuldade) e não passei. Quando isso aconteceu, publiquei no meu Instagram um story relatando o ocorrido, minha decepção e a ciência de que haveria outras oportunidades.
“Tu é inteligente, na próxima tu passa”, “tem que estudar desse e daquele jeito”, “não fica assim, é só uma prova” foram algumas das respostas que recebi. Nenhuma delas cuidou do que eu estava vivendo no momento, a despeito de eu ter certeza que elas me foram enviadas com as melhores intenções.
O que cada uma dessas respostas fez foi desviar o foco de atenção de mim e dos meus sentimentos para outras coisas: o futuro, em vez do agora; o que fazer, em vez de o que estou sentindo; buscar sentimentos positivos, em vez daqueles que estavam existindo no momento. Essa é a minha explicação para a escuta trágica: é aquela que desvia o foco da experiência concreta de uma pessoa no momento presente para alguma outra coisa, pessoa ou tempo.
Já a escuta atenta é aquela que busca apenas para compreender o que a outra pessoa está dizendo, escutando-a por completo. Vale também para nós mesmos, e foi isso que sugeri para as estudantes durante o exercício do olhar. Expliquei como, dependendo de como está o meu “tanque de energia” no momento, tenho reações diferentes ao que acontece. Quando um aluno do primeiro ano me xingou e disse que estava sendo punido pela escola ao ser obrigado a assistir minha oficina, minha reação foi diferente no início da aula (quando consegui ignorá-lo) e no final do período (quando fiz comentários engraçadinhos que o tornavam alvo do humor). No caminho de volta para casa, fisicamente esgotado, me peguei pensando em como eu era uma pessoa péssima por não conseguir colocar essa tal de não-violência em prática completamente.
Por força de muito treinamento, consegui não acreditar nesse pensamento.
Por fim, falei da escuta empática, que apresentei como “ouvir para descobrir quais são os sentimentos presentes e que necessidades estão sendo ou deixando de ser atendidas em uma dada situação, fala etc.”. A escuta empática é uma das partes mais importantes da CNV e, mais do que depender de uma estrutura específica (observação, sentimento, necessidade e pedido/expressão), existe a partir da intenção de verdadeiramente compreender e conectar com o(s) outro(s) ser(es) humano(s).
A escuta empática depende da nossa capacidade de reconhecer e dissolver os julgamentos moralizadores, aqueles que separam as coisas em boas ou ruins, certas ou erradas, que deveriam ser feitas ou que não deveriam ser feitas. Esses binários com frequência resultam em imagens de inimigo, ou apenas imagens e preconceitos, ideias congeladas sobre como as coisas são. O problema das imagens de inimigo é que passamos a nos relacionar com elas em vez de com a realidade complexa e em constante transformação que há por trás delas.
Meu cérebro é ótimo em cristalizar imagens não só sobre as outras pessoas e situações, mas também sobre mim mesmo. Essas imagens informam crenças e narrativas que, a partir de então, passam a embasar e explicar meu entendimento de mundo. O problema é que essas imagens são mapa antigo para um território em movimento.
Nas aulas, utilizei como exemplo a relação que tive com meu pai. Durante anos, não foi uma relação de proximidade, muito pelo contrário. Houve um tempo em que o qualifiquei como “pai ausente” e assim ele ficou. Eu já não me relacionava com o homem por trás do rótulo, apenas com a ideia que eu havia fixado sobre quem ele era ou deixava de ser. E era uma ideia muito complexa, cheia de quereres e poderes que eu tinha convicção de conhecer profundamente mesmo sem nunca perguntar para ele.
Só consegui superar essa imagem quando passei a desenvolver curiosidade pelas histórias de vida desse homem que, por acaso do universo, tornou-se meu pai. Curiosidade, aliás, é elemento essencial para a escuta empática. Não consigo me aproximar e tentar entender daquilo que acho que já entendo. A curiosidade, portanto, é um antídoto natural para as imagens. Quando consigo reconhecer que não sei ou não entendo esse universo vasto que é um outro ser humaninho e me interesso pelo exercício infinito de me abrir para a investigação, aí sim posso ser empático.
Sem curiosidade, carinho e intenção, não tem jeito.
Li o post de um amigo querido no Facebook (o Sergio Luciano, fundador da Colibri e aventureiro nas artes da não-violência) no qual ele comentava sobre não lecionar em escola por não concordar com o modelo. Me reconheci especialmente num trecho:
Acho que o único motivo de eu não ter virado professor e trabalhar direto na sala de aula, é porque eu não dou conta de existir no sistema tal qual ele se desenha. Mas, confesso, essa coisa de educação tá na minha alma.
Foi um pouco por esse sistema que deixei de ser professor, oito anos atrás, e ainda hoje hesito quando essas oportunidades de apresentam. É muito por isso que invisto em espaços abertos e de participação voluntária, como o Ninho. É por isso que prefiro processos longos, desses que duram meses ou anos, em vez de palestras de uma hora. Ainda assim, reconheço a importância das palestras e dos vídeos, por mais curtos que sejam, já que podem sinalizar encontros e possibilidades.
Meu objetivo ao levar essas oficinas para o colégio e, depois, escrever esse texto, foi o de pingar uma gotinha de água num pote de tinta. Essa gotinha, por menor que seja, pingou lá como um lembrete de que é possível ensaiar e praticar formas de coexistir que sejam mais livres, honestas e conectadas.
Entendo que esse é um processo para uma vida inteira. Aliás, para muitas vidas. Por isso, seguirei gotejando por aí: dá para viver de outras formas.
Para olhar por aí 🧐
Sobre minhas escolhas políticas
Publiquei no Instagram e achei justo compartilhar na íntegra aqui o texto da legenda,
Política é uma área sobre a qual tenho pouco conhecimento e, por isso, tendo a evitar manifestações públicas, já que minha chance de equívoco é grande. Entretanto, acho importante deixar claro por que não votei nem votarei em nosso atual presidente.
Minha escolha é baseada em valores e fundamentada pelo que vi e acompanhei, portanto afirmo com certeza. Desde antes de ser candidato, ele já defendia posições e pensamentos contrários aos meus: que se tivesse filho gay, "resolveria na porrada", que sua filha mulher foi "uma fraquejada", que uma deputada só não era estuprada porque era feia, além de homenagear um torturador na hora de manifestar seu voto pelo impeachment de Dilma; e desde quando presidente, abertamente desacredita instituições democráticas (como as urnas eletrônicas) e defendou remédios e medidas ineficazes contra a pandemia de covid.
O mundo em que quero viver é pautado por ideais de não-violência, diálogo, lucidez, ciência, respeito e inclusão. Eu não encontro essas ideias e ideais no nosso presidente. O mundo em que quero viver não flerta com golpe militar, não foge de debate, não impõe sigilo de um século sobre o que não quer ver investigado e não faz de si e de sua comunidade motivo de deboche internacional.
É por isso que não votei nem votarei em nosso atual presidente.
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Sobre querer mudar o comportamento alheio
Eu muito já me peguei pensando se tinha o direito de tentar mudar o comportamento alheio. Com o tempo, fui entendendo que minha busca como educador não é a de fazer com que as pessoas pensem como eu. A minha busca é que as pessoas sejam capazes de pensar e agir por conta própria, inclusive para discordar de mim.
Vi esse post da Ariella Wanner e achei por bem compartilhá-lo:
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Privilégio e culpa
O tema do privilégio importa muito a mim, homem branco de classe média. Assino embaixo da escrita da Vanessa Guedes e recomendo conferir o post inteiro:
Não falamos com tanta profundidade, entre pessoas brancas, de culpa e privilégio branco. Pois não temos meios fáceis de expressar o desconforto. Parece que o assunto simplesmente começa e termina na maldita culpa, sem chegar a lugar algum.
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Duas tirinhas
Diretamente do perfil Téo & O Mini Mundo, no Instagram:
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Mil gatos sonhando
A série Sandman, na Netflix, publicou mais um episódio, no qual há duas histórias. Uma delas, chamada “um sonho de mil gatos”, traz uma mensagem bonita: se mil gatos, ou pessoas, sonharem juntas, ao mesmo tempo, uma realidade diferente, podem torná-la realidade.
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Cuida do que te nutre
Essa é uma conversa recorrente no Ninho de Escritores: por que e como insistimos em nos permitir abandonar justamente as coisas que mais nos nutrem? A escrita com frequência é relegada a segundo, terceiro, quarto plano na vida de pessoas que querem muito escrever, e aí retornam de um período de sofrimento quando finalmente percebem o que haviam esquecido – apenas para esquecer de novo no futuro.
Nesta semana li um texto bacana no Puxadinho do Luri que trata sobre esse mesmo tema e recomendo a leitura.
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O dever chama
Eu simplesmente amo esse quadrinho do XKCD.
Se algo nesta carta digital te tocou, agradou ou incomodou, me deixa um comentário? E se ainda não assina, fica aqui o convite:
Com carinho,
Tales
Gostei dessa noção de "alegre empenho"! Vou usar 🥰
Ai, Tales, tanta coisa me tocou [e incomodou] nesta carta digital que nem sei por onde começar! rs Eu leio todas as cartas (inclusive tenho que fazer este adendo de como elas me ajudam a refletir criticamente sobre o mundo, fora as referências que são incríveis), mas a de hoje mexeu comigo profundamente. Tenho experimentado ativamente crescer como ser humano e escritora, agindo com intenção de entender e investir nos processos que me tornam quem eu sou. Primeiro, me veio a revolta de perceber que eu ignorava muitos sentimentos, como a maioria das pessoas com as quais eu convivi durante a vida, porque (sim!) amadurecer dói demais. Depois, a urgência de assumir a responsabilidade não só pelas minhas atitudes, mas por quem eu deixo entrar na minha vida, pela qualidade das minhas relações, da minha saúde física e mental, da minha escrita, da minha alimentação; enfim, essas são responsabilidades minhas e não do universo, destino, inspiração, família, genética, companheiro, etc. Então, eu tenho combatido agora essa "paciência tóxica". Contrária a esse sentimento, surgiu em mim uma "irritabilidade positiva". Isso que eu estou dizendo pode parecer contraditório (e talvez seja), mas vou tentar explicar: a paciência se torna tóxica para mim quando fico esperando que as coisas mudem; sendo "paciente" com o outro que não melhora. Eu percebi como isso é socialmente esperado das mulheres: que sejamos cuidadoras e nos sintamos responsáveis pelos outros. Cada um é responsável por si próprio.
Então, agora me vem uma irritabilidade (que eu tenho encarado como positiva) que me faz agir logo para mudar uma situação que eu já sei que é ruim para mim - diferente de antes quando eu ficava pensando mil vezes se deveria fazer tal coisa; se não estava agindo por impulso (de novo a "paciência" tóxica, que era pura insegurança). Acho que estou, enfim, aprendendo a não repetir os mesmos erros. Outra parte do seu texto sobre escuta me fez refletir também foi sobre como eu consigo escutar os outros de forma super empática, mas quando se trata de escutar as minhas próprias demandas internas, tento ignorar aquela vozinha que fica gritando atrás dos olhos: "Você sabe exatamente o que tem que fazer para ser mais feliz". Enfim, muito obrigada pela carta. Gratidão por esse espaço e pelas suas palavras que são gotinhas de claridade na seca bruta do cotidiano. Abraços, Su